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CHOREI... ME SENTI FRACA E IMPOTENTE




Boa tarde meus amores e minhas amoras...


Domingo,  fui à convite da querida Tássia Milly, a um evento da Budweiser, fomos eu, o Luiz, e os queridos amigos Quel e Rafa, um evento muito legal, lugar top, decoração top, pessoas interessantes, bandas,  open bar da Bud... 

Estava tudo muito legal, a música, a companhia, até que a pessoa aqui precisou ir ao banheiro...
A fila estava enorme, fui com o Luiz até a entrada que dava acesso aos banheiros, ele queria que eu apresentasse a carteirinha da Abem (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla), que me dá o direito de passar na frente em filas, porém ao ver todas aquelas mulheres querendo usar o banheiro, travei...

Disse a ele que não era tão urgente, que dava pra esperar mais um pouco, saímos da fila, pedimos um lanche e ele disse que ia ao banheiro.

Ficamos conversando um pouco, eu, a Quel e o Rafa, e logo o Luiz voltou dizendo que era pra eu ir com ele, disse que conversou com o responsável pelos banheiros e que o mesmo disse que eu poderia ir, passar na frente e o Lu saiu me arrastando, chegando lá, passamos reto pela fila e apresentamos a carteirinha da Abem ao moço, ele liberou a passagem e assim que entramos ouvi um comentário de alguém da fila dizendo "O que esse cara é? É juiz federal pra passar na frente na fila?"

Entrei no banheiro já com o choro engasgado...
Quando saí, o Lu disse que o cara que havia dito isso, se desculpou com ele!

Vamos tentar nos colocar no lugar do outro.
Entendo perfeitamente que a fila estava grande, as pessoas já estavam esperando fazia um tempo e do nada, passa um casal na frente, onde os dois são aparentemente saudáveis, do tipo que pode muito bem pegar o fim da fila, e simplesmente passam na frente de todo mundo! As pessoas não sabem o que se passa com o outro, não tem ideia e desconhecem a frase que diz "Nem toda deficiência é visível!".
Talvez em uma outra situação, em outro momento da minha vida eu também teria ficado puta!

Mas por outro lado, entendo, e como entendo... que a fila estava grande, as pessoas já estavam esperando fazia um tempo, só que...
...Eu não consigo esperar, quando dá vontade eu tenho que correr, caso contrário, escapa e aí...vergonha! 

Isso aconteceu recentemente comigo no Carrefour, estava com o Lu fazendo compra e de repente falei pra ele, que precisava ir embora, naquele momento, era urgente...
Simplesmente porque eu tossi e o xixi escapou...tivemos que ir pra casa correndo!

Não é um caso de má fé, não estou dando o tão famoso "jeitinho brasileiro!", é um caso de necessidade e a primeira frase que me vem à cabeça é "Se está doente porque não fica em casa?".

Eu respondo, porque eu tenho 36 anos, sou mãe de 3 filhos, casada, cumpro com todas as minhas obrigações de mãe, esposa, dona de casa...enfim, porque eu haveria de ficar trancada em casa, não ter mais vida social, não sair com meu marido e amigos...porque eu tenho Esclerose!!!

Eu não escolhi ter EM, ela me escolheu, mas por conta disso, não posso parar minha vida.

Voltando do banheiro, encontramos a Quel e o Rafa na barraca de lanches, Luiz falou para eles que deu um jeito porque sabia que eu não ia conseguir segurar ...Fiquei com vergonha e comecei a chorar, não deu...já estava com o choro preso desde a hora em que fui ao banheiro e ouvi o comentário lá fora.

A Quel, o Rafa, Luiz, todos eles foram super amigos mesmo sabe, seguraram minha onda legal, me disseram várias coisas bacanas e reafirmaram que eu não tenho que sentir vergonha de nada, que tenho mesmo que fazer uso dos meus direitos, que a opinião dos outros, é dos outros e que eu nunca mais vou ver aquelas pessoas, então não tenho do que me envergonhar.

Mas fiquei pensando, é triste... senti muita vergonha.
Me senti fraca, impotente, com vergonha de usar um direito que é meu, garantido por lei, mas a grande verdade, é que eu preferia não tê-lo.






2 comentários

  1. Eis aí mais um ensinamento, de que não deveríamos julgar nenhuma situação aparentemente... Fuerza minha amiga!

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    1. Mas só quando somos julgados sentimos o peso, e aprendemos a não julgar também!

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