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NOVO SURTO DE ESCLEROSE/INTERNAÇÃO/ SURPRESAS










       
     Olá meus amores e minhas amoras, amadinhos da minha vida, tudo bem com vocês????
Bom, como vocês já sabem, estou desde o final de agosto sem tratamento, e acabou que surtei.
Na última semana de setembro, eu estava muito nervosa, irritada, nosso carro foi para a oficina pela milésima vez esse ano, ficamos com o carro da minha sogra, enquanto o nosso não ficava pronto, eu muito insegura em dirigir o carro dela, fiquei inventando mil desculpas, mas por fim, acabei tendo que pegar o carro em uma ocasião, e já chegando em casa, ao estacionar na minha porta, acabei ferrando toda a calota do carro da minha sogra no meio fio. Nossa, fiquei muito brava, triste, envergonhada, tudo... no dia seguinte, tive um episódio em que passei um dia inteiro enxergando muito mal, mal a ponto de me sentir insegura para dirigir, sabe quando você toma banho quente, e o banheiro fica cheio de vapor, era daquela forma que eu estava enxergando.
Mas no dia seguinte, isso não se repetiu então pensei, uffaaa, não foi um surto, e vida que segue.
Só que nos outros dias que se seguiram, comecei a sentir muita dor na região da lombar, dores fortes, insuportáveis e minhas pernas começaram a ficar fracas. 
Aí não tive pra onde correr, corri no consultório do Dr. Bosco e bomba!!!!! Era um surto.

Ele começou a falar, que precisava internar, fazer pulso e eu comecei a desesperar, perguntei sobre fazer a pulso no regime dia, que seria sem internação, eu apenas iria ao hospital, tomaria a pulso e voltaria para casa, seguindo essa rotina os cinco dias.
Essa seria a melhor opção, combinamos na consulta, que eu teria até o dia seguinte pela manhã, para resolver com o meu convênio, essa questão, caso o convênio não liberasse, eu iria pro Sepaco.

Luiz passou a quarta-feira toda, tentando resolver com o convênio, enquanto eu, passei o dia ligando para hospitais, tentando descobrir um que fizesse a pulso-dia, porém sem sucesso, nem da minha parte, nem da parte do marido.

Naquela noite, fui deitar muito chateada, já sabia que ia dar merda, quase não consegui dormir e na manhã seguinte, assim que acordei, já arrumei uma bolsa com roupas, passamos na casa da minha mãe, para eu me despedir, e fomos ao Sepaco, nem consegui dar tchau pros meus meninos, pois eles estavam na escola.

Chegando ao hospital, aquela chatice toda, tem que passar no PS, para o médico pedir a internação, enfim, chegou aquele maldito momento de ir para a observação, e ficar lá, sozinha, sem o marido, isolada e já pensando nos outros dias que eu teria que ficar lá.

Acabei sendo grossa com o Luiz, toda vez que ele aparecia, eu lembrava que ele ia embora, e eu teria que ficar lá sozinha, que eu não poderia voltar com ele pra cassa, e chorava mais e mais, e todo mundo ficava olhando pra minha cara, como se eu fosse louca, então, acontece que eu tenho verdadeiro pânico de hospital, eu não gosto, eu me sinto impotente, depois que você entra naquela merda, todo mundo manda em você, menos você, você come o que mandam, toma o que mandam, não pode sair pra nada, é um saco.
Não gosto, na minha casa, tenho a minha rotina, meus horários e tenho que admitir, eu sou muito controladora, não gosto de perder o controle das situações, isso tudo sem falar na saudade dos meninos, do Luiz, da minha mãe, da minha casa. Ai...é isso.

Quando me diz, você interna amanhã, eu já começo a chorar hoje!
E foi assim, o primeiro dia, 04/10, chorando, chorando, alagando a observação do Hospital Sepaco.
Já era final da tarde, quando me levaram pro quarto. Eu estava muito brava, muito mesmo, do nada, bateram na porta e entrou uma moça, ela se apresentou, disse que estava no quarto ao lado, perguntou se o marido dela poderia entrar com o meu nome, caso eu não fosse receber visita, eu disse que não estava esperando ninguém, que ele poderia subir como minha visita, ela se agradeceu e se despediu.

Eu tinha chorado tanto, que estava com dor de cabeça, cansada e com sono, dormi e no dia seguinte, acordei ao som de uma britadeira no quarto ao lado, é mole, estavam reformando o quarto e aquele barulho todo bem na parede da cabeceira da cama.





Levantei, tomei meu café, e fui ao quarto da moça que eu tinha conhecido na noite anterior. 
Nos apresentamos com mais calma, o nome dela é Natália, descobrimos que nós duas estávamos lá pelo mesmo motivo.
Conversamos um pouco e voltei pro quarto, logo, a Natália chegou, passamos o dia conversando, almoçamos juntas, conversamos muito mesmo e ela é uma pessoa muito especial.
Está passando por uma barra, pois não estava aceitando o que estava acontecendo com ela, embora já tenha sido diagnosticada a dois anos, ela não tinha comentado com ninguém sobre o assunto, as únicas pessoas que realmente sabiam o que estava se passando com ela, era a família, as pessoas mais próximas, senti que aquilo estava acabando com ela, era como se ela tivesse carregando um peso enorme nos ombros.
Ela estava sofrendo o mesmo que eu sofri em 2016. 
Com a diferença que eu escancarei pra todo mundo.
Falei pra ela, sobre tudo o que eu aprendi de EM, conversamos, dei e recebi colo, e ela me fez tão bem, o tempo passou mais rápido com ela por perto.
Na sexta-feira, o Lu foi com os meninos me visitar, e à noite foi meu pai e minha mãe, minha mãe dormiu comigo.
No sábado pela manhã, o Dr. Bosco passou por lá, perguntou como eu estava me sentindo, eu disse que estava melhor, que na segunda pulso, eu já me sentia bem melhor, e ele disse:
-Então, vamos pra casa?!
Nossa, ele não poderia me dar uma notícia melhor, que dos 5 dias de pulso, eu ficaria apenas 3 no hospital, ele pediu pra adiantar o horário da minha última pulso e que assim que acabasse eu poderia ir embora.
Ele saiu do quarto, esperei alguns minutos e fui no quarto da Natália, para saber o que ele tinha dito e ele também deu alta pra ela, fiquei super feliz. Eu ainda estava lá, quando ele voltou, foi levar os papeis dela, se despediu e foi embora.
Ficamos um pouco conversando lá, depois fomos pro meu quarto, almoçamos juntas, conversamos mais um monte, mas agora já felizes com a notícia de que iríamos embora.
Ela foi pro quarto dela tomar a pulso, quando acabou, voltou e eu estava tomando a minha.
Como fica tudo mais fácil, quando não estamos sozinhas, quando temos alguém que está passando pela mesma situação que a gente.
Fica tudo mais leve.

Antes de ir embora, ela voltou pra se despedir, gostei muito dela, e conhece-la foi incrível, pensem, quais as chances de estar internada e no quarto ao lado, ter uma pessoa com a mesma coisa que eu, com os mesmos sintomas e até o mesmo tipo de surto. Em um hospital daquele tamanho, ela poderia estar em qualquer outro lugar, andar. 
E mesmo estando no mesmo andar, quando ela bateu na minha porta, poderia ter batido em qualquer outra porta e nós não teríamos nos conhecido.

E eu com raiva, com ódio, não queria estar lá, de repente entendi, eu estava lá por causa dela, a gente precisava se conhecer, e foi por isso que as coisas aconteceram como aconteceram, foi por isso que meu convênio não autorizou a pulso-dia. 
Tudo tem um porque.
Ganhei uma amiga, uma irmã de EM!

No dia seguinte à nossa alta, ela postou no face dela, tudo o que tinha acontecido, o diagnóstico que ela escondeu por dois anos, abriu pra todo mundo e...quantas mensagens de apoio e carinho ela recebeu, ela me chamou de "anja Branca" e me emocionou.

De lá pra cá, temos nos falado todos os dias, acompanhando a recuperação uma da outra, com carinho, dedicação e compreensão.

Os primeiros dias, depois da alta, não foram fáceis, as dores na lombar são insuportáveis, parece até dor de parto, e as pernas depois da terceira pulso, ficaram bem fracas, passei uns dias de molho, minha mãe e o Lu me ajudaram muito, e hoje estou bem melhor, já voltei a minha rotina normal e depois de amanhã, termino os corticóides.

Vida que segue.
Ganhei uma amiga de presente
Um dia de cada vez!
Juntos somos mais fortes!

Agradecimento especiais à equipe de enfermeiros do Sepaco:
Enfermeiro chefe Cleber, enfermeira Regiane, enfermeira chefe Marcia e enfermeira Denise.
 Obrigada por todo o carinho, e compreensão, vocês são anjos disfarçados de enfermeiros.
Minha eterna gratidão!


Por hoje é só meus amores!
Grande beijo no coração de todos!